terça-feira, 18 de setembro de 2007

PRÉ-MODERNISMO

Pré-Modernismo
1902
MARCO
Obra
OS SERTÕES (1902)
Autor
Euclides da Cunha (1866-1909)
MARCO
Obra
CANAÃ (1902)
Autor
Graça Aranha (1868-1931)

CONTEXTO HISTÓRICO
O fim do século XIX e as duas primeiras décadas do século seguinte foram marcados por mudanças no quadro político, econômico e social do Brasil. Em 1894, tomou posse o primeiro presidente civil Prudente de Morais, que deu início à então chamada República do café-com-leite. Além disso, outros fatores concorreram para essas alterações: o auge da produção agro-pecuária na região Sudeste; o processo crescente de urbanização de São Paulo; o desembarque de um grande número de imigrantes, sobretudo de italianos, no centro sul do país; a marginalização dos antigos escravos, em grandes áreas da nação; o declínio acelerado da cultura canavieira do Nordeste, sem condições de competir com a ascensão do café paulista,.
Tais mudanças provocaram, por um lado, o aumento das pequenas classes - média, operária e proletária, e, por outro, contribuíram para o aparecimento de hierarquia entre as classes dominantes. Em primeiro lugar, o poder político-econômico estava nas mãos dos grandes cafeicultores de São Paulo e dos pecuaristas de Minas; em segundo, com a burguesia industrial de São Paulo e Rio de Janeiro; em terceiro, com o Exército que, desde a proclamação da República, começara a se destacar politicamente.
Nesse cenário, duas ideologias entraram em choque: o tradicionalismo rural, refratário à mente agitada dos centros urbanos, e as transformações nas grandes cidades, onde a burguesia rica estava sempre aberta às influências externas, em busca de modernização e as classes média e operária estimulavam movimentos progressistas radicais.
Tudo isso marcou, cada vez mais, os acentuados contrastes da realidade brasileira, dando origem a conflitos sociais isolados, tais como: a Revolta de Canudos, no sertão nordestino; o caso do Padre Cícero, na cidade cearense de Juazeiro; o fenômeno do cangaço, com a figura de Lampião; todos refletindo a situação crítica de um Nordeste abandonado. A rebelião contra a vacina obrigatória e a revolta da chibata no Rio e os movimentos grevistas de operários em São Paulo, sob orientação anarquista, durante a Primeira Guerra Mundial, eram sintomas de uma classe nova que já lutava para sobreviver, numa cidade em fase de industrialização. Esses movimentos tiveram, isoladamente, uma história independente que, no conjunto, revelavam a crise de um país que se desenvolvia às custas de graves desequilíbrios.

CARACTERÍSTICAS
Nas duas primeiras décadas do século XX, período de transição entre o que era passado e o que seria chamado de moderno, existiram as mais variadas tendências e estilos literários, além dos poetas do Parnasianismo e Simbolismo, que ainda continuavam escrevendo. Por apresentar traços individuais muito fortes, o Pré-Modernismo no Brasil não se caracteriza como escola literária, distinguindo-se, na verdade, como um termo genérico para designar a produção literária de alguns autores que, não sendo ainda modernos, já promoviam rupturas com o passado. A partir daí, a continuidade de temas e sínteses expressivas tradicionais são vistas, nas obras desse período, como uma ou outra tendência. Por isso, alguns pontos em comum podem ser apontados.
Ruptura com a linguagem acadêmica e artificial dos parnasianos, encontrada em autores cujas obras, sem nenhuma sistematização aparente, contradizem e abalam lingüisticamente as características da literatura tradicional, retratando a fala de uma determinada localidade.
Problematização e denúncia da realidade sócio-cultural brasileira, cujo objetivo principal desse período é mostrar o Brasil do operário suburbano, do sertanejo nordestino, do caipira interiorano e do imigrante que, na figura desses tipos humanos, surgem como personagens marginalizadas em um novo regionalismo, registrando costumes e verdades locais para mostrar uma terra diferente da revelada pelos escritores do Romantismo e Realismo-Naturalismo.
A preocupação em retratar fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos aproxima a realidade da ficção. Os Sertões e Canaã, publicados em 1902, marcam o início do período pré-modernista. Na primeira obra, fazendo uma completa análise da terra e do sertanejo nordestino, Euclides da Cunha retrata a guerra dos Canudos. Na segunda, Graça Aranha documenta a imigração alemã, no Espírito Santo. Em Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), Lima Barreto aborda o governo de Floriano e a Revolta da Armada, e em Cidades Mortas (1919), Monteiro Lobato descreve a pobreza do caboclo nos vilarejos decadentes do Vale do Paraíba Paulista.
Esses autores, de certa forma, abrem caminho para o Modernismo, expondo os problemas brasileiros que, retomados pelos "futuristas", contribuem para a "descoberta do Brasil". Na poesia, destaca-se também o expressionismo "sui generis" de Augusto dos Anjos, que, rompendo com o passado antecipa algumas das "descobertas" modernistas.

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